20 de maio de 2013

Uma realidade: os opostos atraem-se VI

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Erica também não reparou que o caderno tinha caído até a mãe lhe trazer:
-Filhota, a tua amiga deixou cair o caderno de Matemática quando se ia embora...
- Ah, obrigada, mete aí na secretária para eu levar amanhã...
- Que se passa, estás com uma carinha tão triste, não parece teu...
- Se calhar nem todos conseguem fingir felicidade a tempo inteiro!
- Mas tu nunca estás infeliz... ou melhor é raro, tens tudo o que sempre quiseste... o que se passa?
- Não é isso...
- O que é que te falta querida? Dinheiro, maquilhagem, roupa nova... já sei podíamos ir ás compras que achas?
- Não me falta nada disso, tem haver com outras coisas mais complicadas...
- Oh querida, havendo dinheiro há tudo... o que pode ser tão complicado?
- Nada, podes sair? Preciso de ficar sozinha
- Está bem eu respeito isso mas sabes que fico sempre com um aperto no coração quando a minha princesa fica triste...
- Já não sou nenhuma bebé mãe! Estou no meu último ano de liceu sim?
- Mas para mim e o teu pai serás sempre a nossa princezinha...
- Sim pois, agora podes deixar-me em paz?
- Como quiseres, mas se quiseres desabafar...
- Mãe...
- Está bem, está bem estou a sair.
Erica estava ainda a pensar no que Tatiana lhe dissera. Por um lado queria mesmo vingar-se de David mas por outro tinha medo que ele lhe encostasse à parede outra vez ou então que a matasse mesmo. Ficou com tanto medo... mas a sede de vingança era muita. Foi então que pela primeira vez na sua vida decidiu dar ouvidos a Tatiana e  pediu a Humberto (o empregado) que parasse de mandar imprimir os folhetos e que queimasse os que já estavam imprimidos. Não podia arriscar perder a vida. Em seguida pegou no caderno de matemática da amiga e deu uma vista de olhos. Ela divertia-se a ver todas aquela equações e contas sem fim que não faziam sentido nenhum, pelo menos para ela. De repente, começou a ver páginas em branco no meio do caderno e depois mais matéria pela frente. Ela achou esquisito porque a amiga era tão poupadinha e organizada que não deixava folhas em branco sem mais nem menos. Perguntar-lhe-ia amanhã pois hoje não tinha forças para nada. Acabou por adormecer na cama em cima do caderno.
No dia seguinte, foi ter com Tatiana ao portão da escola:
- Então e o que decidiste fazer em relação ao caso "David"? Pelo que vejo não vens com nenhum panfleto, o que já é um bom sinal...
- Não quero morrer jovem mas isto não fica assim... hei de arranjar outra forma de me vingar.
- Ele assustou.te? Uau, nunca ninguém te tinha metido tanto medo assim...
- Não sejas parva e devias estar grata por eu ter seguido o teu conselho
- Ah sim obrigadíssima, vejo que finalmente estou a por-te algum juízo na cabeça...
- Não te aproveites sim? Foi só desta vez. Ah e ontem deixaste cair o teu caderno de matemática quando saíste e reparei que tinha folhas brancas pelo meio... nada típico teu...
Tatiana, que tinha estado a noite inteira acordada a pensar no que poderia acontecer no dia seguinte, nem deu pela falta do caderno:
-Ahh obrigada, com tudo o que se passou ontem nem reparei... e se tenho algumas folhas brancas pelo meio é porque fiquei preocupada com a mensagem que me mandaste e nem devo ter reparado no que estava a fazer e saltei algumas páginas... que tolice agora tenho de arrancar as folhas que...
- Sim que representam as árvores que nos dão vida, sempre a mesma história. Mas não me convences com essa história. Porque é que tens folhas não escritas pelo meio? Existem canetas invisíveis?
- Se existissem que me dessem uma porque assim era muito mais fácil de comunicar sem a tua mãe saber de tudo ahah.
- Lá isso é verdade tens toda a razão. E aliás, o que é que não existe hoje em dia não é?
-Pois sim é mesmo...
Tatiana estava a tentar ao máximo disfarçar os nervos, mas cada vez sentia-se menos incapaz.
-Ei estás a ficar um pouco pálida o que é que foi? A minha mãe assusta-te é? ahah
- Não, não, estou um pouco mal disposta só isso...
- Desde ontem que andas muito esquisita e ainda vou descobrir porquê!
Tatiana, que não aguentava mais a pressão, porque não tinha por hábito mentir disse:
-Queres mesmo saber porque é que essas folhas não estão escritas? Sim é uma caneta invisível  que tenho e apenas se consegue ver com luz ultra-violeta. Mas não te vou dizer  o que está aí escrito porque é mesmo muito intimo e quando vier a altura certa logo te direi sim?
- Ahhhhhhhh já sei! Nem precisas de explicar amiga. O cromo da tua turma pediu para saíres com ele e tu não me queres dizer é isso? Estás com medo que eu vá gozar com ele? Estamos a fazer progressos,  sim senhora. Ao menos arranjaste um namorado... Parabéns que feliz que estou! E não, prometo que não vou gozar com ele.
Tatiana sentiu-se ainda pior... a amiga era tão ingénua ás vezes... mas desde que ela descansasse a cabeça do assunto "David" por uns momentos já valia a pena.
- Pois na verdade não é bem isso. Nós não somos namorados nem havemos de ser mas ele pediu-me explicações...
- Com explicações é que começam grandes amores
- Erica deixa de viver no teu conto de fadas e desce à realidade... Ele já não quer mas só de ele pedir, não pude deixar de imaginar a tua reação...
-Porque desistiu ele? Porque lhe ias dar uma abada é?
- Não sei ele não me disse mas podemos ir andando? É que vai tocar e não quero chegar atrasada!
-Está bem mãezinha ahaha!
Tatiana estava a sentir-se pessimamente mal... a parte das explicações era totalmente verdade mas mesmo assim mentiu em relação ao conteúdo das folhas... O que continham as folhas eram a conversa com David e a letras muito grandes a parte "És mais BONITA...", pois nunca ninguém lhe tinha dito isso a não ser os da turma dela que eram autênticos "nerds". Se bem que David também tinha cara de nerd e vestia-se como tal mas havia qualquer coisa nele que a atraía e ela não sabia o quê...



1 comentário:

  1. adoreeeeeeeei! parece até que senti o nervosismo da Tatiana :o estou a adorar esta história e estou ansiosa pelo primeiro encontro entre o David e a Tatiana (sem que a Érica saiba, claro, ehehe) <3

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